segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Cultura da Paz é possível ou é uma visão utópica?


Pensar em uma sociedade regida pela Cultura da Paz traz a todos muitos questionamentos, dentre os quais o se a edificação dessa cultura é viável ou se não passa de um modelo utópico, já que os significantes que regem a subjetividade humana não seguem como via única a que nos conduz ao ideal do amor universal. Há outros elementos no caminho que levam à violência e esses muitas vezes são determinantes na constituição psíquica de muitas pessoas.

Dessa forma, indagarmos se a evolução da cultura pode criar condições de vida mais pacíficas - e se essa cultura, a partir do momento em que for valorizada, pode, simbolicamente, influenciar a subjetividade humana - enseja muitos estudos.

Se ainda não há respostas possíveis, afirmarmos que a construção de uma Cultura da Paz é uma utopia não pode ser uma resposta encerrada.

Violência e ideal da paz sempre fizeram parte da história da humanidade. Em muitos momentos, a balança oscilou pelo peso da violência. A fala da paz de muitos foi calada. A violência é, nitidamente, covarde: é a fraqueza que interrompe, porque não tem argumentos para dialogar.

Imaginar um mundo em que a paz seja a ordem dominante parece uma visão utópica. Mas, se o mundo se organiza pelos símbolos do poder, porque não atribuirmos o poder ao que tem, realmente, o poder de edificar as vidas humanas?

A paz é a força operante na cultura que emerge. A resolução do conflito que se faz pelo diálogo revela a força de fortes. Fortes, onde não há fracos nem vencidos. Há pessoas que se respeitam e que são valorizadas em suas múltiplas diferenças. Pessoas que reconhecem que seus valores são construídos em contextos que divergem de qualquer outro ser humano. Valores humanos, extremamente preciosos, que têm uma regra básica a cumprir: não proporcionar o mal ao outro.

Uma sociedade em que todos vivam com paz é um sonhar além... mas, por que não? Se a vida, muitas vezes, se organiza em significantes regidos pela “pulsão de morte”, há caminhos que, também, conduzem à “pulsão da vida”, a Eros – o instinto do amor. 

Se há algo a ser feito, isso precisa partir de cada um. Vivemos na sociedade de rede, que se constrói no um-a-um, em pessoas que se somam. Uma cultura é edificada na soma dos valores. Propor-nos o desafio diário de adotarmos atitudes diante do outro com mais respeito, com admiração às suas singularidades, é um dos caminhos.

Gosto muito de uma frase de Marcel Proust, um escritor francês, que diz que “a verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhares”. Olhos que buscam o adiante, que questionam, que articulam as teorias com a experiência.


Para os que gostam das histórias que aquecem a alma, um conto de um autor desconhecido:


A estrela do mar


“Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs, ele caminhava a beira do mar para se inspirar, e a tarde ficava em casa escrevendo.
Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar.
Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas do mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
- Por que está fazendo isso? - Perguntou o escritor.
- Você não vê? - explicou o jovem - A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia.
O escritor espantou-se:
- Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas do mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano.
A maioria vai perecer de qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor e disse:
- Para essa daqui eu fiz diferença.
Naquela noite, o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir.
Pela manhã, voltou a praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas do  mar de volta ao oceano.
Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo um lugar melhor. Sejamos a diferença!”





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