sábado, 20 de agosto de 2011

Quando vamos parar de atirar pedras?


Quando falamos em bullying, geralmente, o que primeiro vem a nossa mente são ações reparadoras e ações punitivas. Pessoas que são vítimas de bullying, geralmente, estão em situações de sofrimento psíquico e, às vezes, desenvolvem uma série de sintomas – como transtorno de pânico, dificuldades de aprendizagem, fobias etc. As vítimas do bullying chegam, muitas vezes, encaminhadas aos consultórios de psicologia e/ou de psiquiatria, pelos sintomas que manifestam. As crianças e jovens que praticam o bullying, também, muitas vezes, são levadas aos consultórios de psicologia e ou/psiquiatria por motivos comportamentais, queixas emocionais, ou por muitas vezes, estarem inseridas numa estrutura familiar onde os vínculos não estão bem estabelecidos. Para os autores do bullying, também, são pensadas medidas para implicá-las e responsabilizá-las pelos seus atos, de acordo com as medidas judiciais cabíveis a crianças, adolescentes e seus responsáveis no sistema judicial brasileiro.

Todas essas ações são necessárias e eficientes quando estamos frente ao problema. Mas é necessário se pensar ações para evitar que o bullying ocorra. Isto é, temos que nos voltarmos, sobretudo, para a raiz do problema. Isso nos levar a pensar sobre o que temos feito para que o bullying ocorra e seja um fenômeno cada vez mais intenso no contexto escolar. Quais são os valores colocados pela nossa cultura operante que têm reforçado os comportamentos de violência, intolerância às diferenças, abuso, desprezo pelo outro?

Nunca se falou tanto em diversidade, em respeito às diferenças, em inclusão, como nos tempos atuais. São tantos os movimentos sociais que apontam nessa direção: leis de inclusão para as pessoas que têm deficiências mais limitantes; luta antimanicomial pela inclusão na comunidade dos pacientes com sofrimento mental; manifestações pelo fim da homofobia com adesão crescente em toda comunidade...

Enfim, se tantos movimentos versam pelo “direito a ser diferente num mundo de iguais e de ser igual no mundo de diferentes”, porque nossas crianças e adolescentes insistem em nos apontar, através da violência manifesta pelo fenômeno bullying, que algo está impedindo que a transmissão dos valores que a sociedade da diversidade apresenta sejam efetivamente assimiliados por toda a humanidade?

Ou seja, para construirmos a Cultura da Paz, teremos que nos haver, efetivamente, com o que, em nossos hábitos, ainda que não ditos, reforçam a cultura da intolerância em nossa sociedade.

Será que não estamos, realmente, através de nossos preconceitos, dissimulados socialmente, mas “captados” por nossas crianças e adolescentes, mantendo acessa essa intolerância social? Não seriam nossas crianças e jovens nosso sintoma social?

Construir a Cultura da Paz requer a quebra de tantos paradigmas e isso não é tão fácil assim! É preciso muita coragem para gritar a um arranjo social que não atire mais pedras quando a maioria do grupo social assim o faz. Temos muito o que pensar...

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